Entre prantos e risos, o coração vem e se revela
A'lma floresce, ela cresce, melancólica e bela
Então a cada palavreado o vil espírito confessa
Um paradoxo se esconde, nó triste pregressa.
Nas entrelinhas, a dor encontra a sua morada
Enquanto a vagueza conflita em toda jornada
O sorriso e o choro se entrelaçam num papel
Emaranhado, regados de sentimentos em fel.
A vida e a lida é como um riacho gélido a correr
Transborda de emoções, nunca para de'smorrer
Um fluxo constante de ilusão errônea e saudade
Mescladas matizes pálidas da eterna dualidade.
No ilusivo olhar de poeta, o mundo todo se traduz
Versos líricos, sombrios, menestréis, e a sua cruz
Um oceano de palavras fictícias, é um mar revolto
Ondas gigantes de absortos e agruras, vão absolto.
E assim, no pávido eterno dos paradoxos inversos
A vida tece em finos fios soltos, frouxos e emersos
Uma crua e real cadência fustigada d'alma e mente
Onde o tédio e a mesmice se enlaçam ferozmente.
E que a poesia falada ou escrita siga seu curso
Nos levando além, ao mais desmedido decurso
Amargoso paradoxo, trevas e luz que assombra
Balsâmica essência, olência, ensombra, e'nxombra.
❦
Cléia Fialho
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