.jpg)
Sou feita de desejo antigo,
matéria sonhada nas mãos do tempo —
sou mulher,
e dentro de mim repousa
uma oficina de mundos,
onde cada suspiro pode virar aurora.
Habito curvas
que desenham mapas sem nome,
e quem por mim passa,
caminhante ou sonho,
descobre terras onde a alma se desnuda.
E eu, menina escondida na pele da mulher,
brinco de ser o que ainda pulsa no impossível.
Há um peito que acolhe,
há perfume que não se explica —
sou pouso e vertigem,
sou casa e tempestade.
Perfeita? Não.
Mas inteira naquilo que ofereço sem promessas.
Quando o outono chega,
danço sobre folhas secas,
e na primavera,
fujo das flores,
procuro a tristeza
como quem busca uma irmã
nos silêncios da estação.
Sou mulher.
E isso basta
para que o mundo, se quiser,
nasça outra vez
em minha carne sonhadora.
❦
Cléia Fialho
Que belíssimo poema! E vou recolhendo as auroras de cada suspiro.
ResponderExcluirE a minha cesta se enche de suspiros e auroras.
Beijos,
Ser mujer e s un regalo. Lindo poema. Te mando un beso.
ResponderExcluirUna donna colma di grande femminilità e intenso desiderio d'amore in cui ritrovare la parte più intima e gioiosa di sè stessa.
ResponderExcluirUn sorriso poetessa