No fogo escuro do teu olhar,
a alma insiste em se queimar.
No silêncio que vem do além,
o amor se veste de ninguém.
No fio negro da conexão,
os corações são só pulsação.
Um toque, um vento, um arrepiar,
na noite, tudo é desejar.
O amor é sombra a se mover,
nos braços frios do sofrer.
Mas mesmo assim, sem hesitar,
voltamos sempre a nos amar.
Teu sussurro vira bruma,
minha pele se acostuma.
E nessa dança de ilusão,
me entrego à tua escuridão.
Versos vagam pela noite,
tecem laços sem açoite.
O poema é só um luar,
tentando o amor eternizar.
Você é rastro, é tentação,
minha dor, minha canção.
Sou o eco que vem do fim,
te buscando dentro de mim.
O amor é feito de luar,
de sangue, sonho e de penar.
Mas mesmo em meio à perdição,
te amo — minha escuridão.