Não há começo.
Só o instante em que tua respiração
encosta na minha nuca
e o mundo se cala.
Tua mão não pergunta —
ela sabe.
Sabe onde meu arrepio mora,
onde o calor pulsa,
onde o querer não mente.
Somos pele, suor e silêncio.
Somos fome que dança devagar,
como se cada segundo
fosse um templo a ser cultuado
com a língua, com o toque,
com a entrega inteira.
Minha boca encontra a tua
não para beijar —
mas para incendiar.
E a língua, essa serpente lúcida,
explora cada recanto do teu sim.
Tua carne treme como poema sem rima,
tua alma se curva em prazer.
Eu te decifro com os olhos fechados,
porque no escuro,
te enxergo melhor.
Somos dois —
e ainda assim, um só.
Um desejo que respira,
uma urgência que geme,
um gozo que reza,
sem culpa.
E quando tudo explode —
não é fim.
É reinício.
Porque o desejo,
meu bem,
tem fome de eternidade.
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