Sou feita de chama,
mas também de calma,
em meus passos dançam
tempestade e alma.
Se minha boca atiça
o fogo do teu querer,
é porque levo no beijo
o segredo do prazer.
Meus olhos profundos
guardam mares e lua,
quem neles se lança,
nunca sai da rua.
Coxas que abraçam
com força e ternura,
sou carne que pulsa,
mas também sou cura.
Pecado talvez,
mas nunca em vão…
sou livre, sou brisa,
sou fogo na mão.
Meu corpo é poesia
que só rima com verdade,
não me basta o desejo —
preciso de lealdade.
Mistério, encanto,
sou mulher inteira.
Mas só me dou ao amor
que não me põe em algema.
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Cléia Fialho