No balanço da rede,
o calor da tarde se derrete,
entre suspiros doces,
e o cheiro do jasmim.
Teu corpo é um rio,
que me leva devagar,
nas águas do desejo,
eu me perco a nadar.
A lua, cúmplice,
pinta a pele morena,
e o vento, malandro,
sussurra na arena.
Pele quente, suor salgado,
no ritmo lento do nosso fado,
o amor, quando é bem danado,
vira poesia e vira brado.
Nota da Autora:
Esta pajada nasceu do calor que baila no ar do sertão, onde o desejo se veste de poesia e o corpo fala em versos.
Aqui, a sensualidade não é gritaria, mas sussurro—um diálogo entre a pele e o vento, entre o suor e o mel.
A tradição da poesia popular, com seu ritmo de cantoria e sua linguagem tingida de sol, sempre carregou o erótico de maneira sutil, como um segredo contado ao pé do ouvido.
Foi dessa herança que me apropriei, brincando com as imagens do corpo-terra, do amor-rio e do fogo que não queima, mas aquece devagar.
Que quem ler sinta o balanço da rede, o cheiro do jasmim e o gosto salgado do desejo—sem pressa, como quem bebe um licor de caju, sorvo a sorvo.
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Cléia Fialho