O lenço vermelho identificava o Maragato.
O lenço branco identificava o Pica-Pau e o Chimango
Nas poeirentas estradas da história do Brasil, ecoam as memórias de uma época marcada por conflitos, rivalidades e paixões políticas que transcenderam os livros de história e ganharam vida própria nos corações do povo. Era um tempo em que os termos "Maragatos" e "Chimangos" não eram apenas palavras, mas sim símbolos de uma disputa que moldou os rumos do país. Permitam-me contar-lhes a história dessa dança política do passado.
Era o início do século XX, um Brasil que ainda tentava se consolidar como nação. O cenário político estava longe de ser tranquilo. As diferenças entre as elites e os interesses regionais se misturavam, e as identidades políticas começavam a emergir. Nesse contexto, os Maragatos e Chimangos surgiram como protagonistas dessa trama.
Os Maragatos eram aqueles que se insurgiam contra o governo central, buscando maior autonomia para os estados. Originários principalmente do Rio Grande do Sul, eram liderados por figuras carismáticas que mobilizavam o povo em prol da causa. Usavam o lenço vermelho como símbolo de sua resistência, e seu nome "Maragato" derivava de "maragatos", termo que designava os partidários de Gaspar Silveira Martins, importante líder político da época.
Por outro lado, os Chimangos, ligados ao governo central, defendiam a manutenção da unidade do país e um maior controle do poder central sobre os estados. Tinham forte apoio das elites e representavam uma visão mais centralizadora do governo. Seu nome vinha do termo "chimango", uma ave de rapina que simbolizava a predileção por alimentos fáceis, aludindo ao apoio que recebiam das classes mais abastadas.
A rivalidade entre Maragatos e Chimangos não se limitava apenas ao campo político. Ela permeava a sociedade, gerando tensões e conflitos que muitas vezes se desdobravam em confrontos armados. Os campos de batalha eram marcados por derramamento de sangue e histórias de coragem e sacrifício. Era uma época em que os destinos individuais estavam entrelaçados com os destinos políticos.
Hoje, olhando para trás, vemos essa época como uma manifestação das contradições e complexidades que permeiam qualquer processo de construção nacional. Maragatos e Chimangos, em suas diferenças, representavam visões antagônicas de como o Brasil deveria se estruturar como nação.
À medida que o tempo passou e as feridas daqueles conflitos foram cicatrizando, as identidades políticas de Maragatos e Chimangos foram cedendo lugar a outras nuances do espectro político. O lenço vermelho e as penas de chimango perderam seu significado original, mas a lição permaneceu: a política é a expressão da diversidade de ideias e interesses que habitam uma nação.
Hoje, ao observarmos as batalhas políticas do presente, podemos lembrar com reverência e aprendizado da dança política dos Maragatos e Chimangos. Eles nos ensinam que a história política é uma narrativa em constante evolução, moldada pelas vozes e paixões do povo que a compõe.
A Lenda do Tridente que uniu os
Maragatos e Chimangos
Missões RS, Eugênio de Castro, RS, um Coqueiro com Três Copas, um Tridente natural nas terras da Lagoa da Mortandade. Ponto de curiosidade numa terra cercada de histórias sobre revoluções e heróis anônimos que deram suporte a fatos que desenvolveram a região, tradições gaúchas e a agricultura.
Contam isso, é fato que nas noites sem lua os espíritos da Lagoa da Mortandade podem deixar as águas e procurar o Tridente, chave que os libertariam da eterna espera, o reino que terão direito.
Uns certamente irão para o inferno por maldades e covardias, outros terão direito ao céu com a parceria dos anjos e justos.
Mas vários relatos de moradores, gente boa por demais, falam da história que após os corpos serem jogados dentro da Lagoa da Mortandade com o tesouro e as armas, os espíritos continuariam a lutar, desta vez sem mortes e motivos, só brigas e gritos de dor que se tornariam eternos, sem diálogo, cada vez mais altos, sem trégua.
Arcanjo São Miguel, o "General dos Anjos", vendo que este atrito se eternizaria sem maldição desceu até as águas, parou a luta entre os Chimangos e Maragatos e decretou que ele esconderia uma "chave" em forma de "Tridente" nas terras da região, que o "Lado" que encontrasse esta "chave" seria libertado das águas da mortandade. Os que ficassem teriam que esperar o tempo diluir o "Tridente". Que em noites sem lua poderiam vagar pelas Missões até encontrar o Tridente, mas se continuassem a lutar e gritar teriam que passar a eternidade ali, até a lagoa secar. Caso Chimangos e Maragatos se unissem teriam mais gente a procurar e em menos tempo estariam todos libertos, lutar após a morte é perda de tempo.
O Arcanjo Miguel fez nascer próximo um Coqueiro em forma de Tridente, para tirar das missões os brados em luta e a falta de objetivos da batalha, sem diálogo ou razão. Não se sabe se algum dos lados achou, mas quando não há brilho da lua nas águas da Lagoa da Mortandade moradores da vizinhança dizem ouvir grunhidos, resmungos e ranger de dentes quando o vento levanta as folhas secas do torrão vermelho das estradas e matas de Eugenio de Castro.
Um dia o Coqueiro de Tres Copas morrerá, a Lagoa secará, mas até lá, as duas cor de lenços, irmanados, amadrinhados, ombreados em vez de lutas estarão procurando o Tridente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
🐾 Sinta-se à vontade para INTERAGIR com o que você está lendo agora, terei o maior prazer de colocar SUA POESIA junto à minha minha, e assim abrilhantar mais o blog.🐾
AFAGOS POÉTICOS EM SEU 💗
🐾