Nas manhãs brancas do dia,
sinto o perfume que irradia,
mesmo longe, teu passo vem
no vento leve que me tem.
À tarde, outono me chama,
na pele um fogo se inflama.
Entre as coxas, fonte serena,
espera tua água plena.
Do poço onde o desejo mora,
brotam gotas — tua alma aflora.
E se unem ao rio do tempo,
numa dança, sem contratempo.
À noite, tua voz me acende,
no toque, o prazer se estende.
Teus dedos buscam ternura,
despindo a última censura.
Sob a luz do céu tão vasto,
o silêncio se faz contraste.
Nosso amor brilha em segredo,
sol que arde sem ter medo.
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Cléia Fialho