Em mim residem, olhos de avelo
E neles existo, mas não me revelo
Tenho olhos de fera, selvagem e salaz
Persigo meus anseios, sedento e audaz.
Mato minha sede nos rios alheios
Em corpos diversos, busco devaneios
Cada um único, distinto em seu ser
Verdadeiro, porém difícil de entender.
Possuo olhos do pecado, sombra em mim
Coração de cristal, fragilidade que acalma
De onde escorrem lágrimas, marcas afins
São olhos de poesia, que revelam a alma.
Brilho e me firo em um peito marcado
De onde brotam palavras, soltas no ar
Cicatrizes contam o que tenho passado
Fugazes, profundas, difícil de decifrar.
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Cléia Fialho